Por mais amor que se coloque na comida do pet, algumas escolhas, mesmo que feitas com carinho, podem acabar em um susto que ninguém quer viver. Quem tem cachorro ou gato em casa já ou por aquele momento de descuido, seja de uma uva que caiu no chão, um pedaço de chocolate esquecido na mesa. Sabe aquele pãozinho que você dá para seu gato ou cão? Pois é, ele pode fazer muito mal para eles, inclusive acabar com os peludinhos no veterinário.

Para falar sobre os alimentos proibidos para os pets, o Lado B trouxe a médica veterinária Gabriella Rodrigues Duarte de Figueiredo. Aqui, pequenos gestos podem ser grandes riscos à saúde deles. Ela explica cada um dos perigos escondidos nos petiscos “inofensivos' e lista os vilões da alimentação animal que, mesmo comuns nas nossas mesas, são bombas-relógio para cães e gatos.

A veterinária da clínica Bourgelat já viu de perto as consequências dessas distrações e erros que ninguém acha que, de fato, são ruins. Entre os piores está o temido chocolate, que não pode ser consumido por eles de jeito nenhum. Em segundo lugar, o xilitol, adoçante presente em chicletes e doces light. Depois, as uvas e as em terceiro, e os medicamentos humanos.

“No caso dos chocolates, são ainda piores os especialmente amargos. Ele e o xilitol são os mais perigosos, mesmo em pequenas quantidades. Alguns cães têm reações graves com apenas uma uva. Medicamentos humanos como paracetamol ou ibuprofeno são fatais aos pets, mesmo em doses mínimas.'

E os gatos?

Também estão na linha de risco, com a desvantagem de serem ainda mais sensíveis. Enquanto muita gente ainda acredita que leite é alimento de gato, a realidade é outra. Inclusive, Gabriella destrói várias ‘superstições’ de alimentos que os gatos comem pelos donos acharem que é bom.

“Muitos são intolerantes à lactose, diferente do mito popular. O peixe cru pode causar deficiência de tiamina (vitamina B1) e tanto a cebola quanto o alho são mais tóxicos para gatos do que para cães. No caso das gorduras e fígado em excesso, elas causam pancreatite ou toxicidade por vitamina A.'

Falando em toxicidade, ela explica que, além do chocolate, que pode causar vômitos, convulsões e até morte, café e álcool são extremamente tóxicos para o sistema nervoso. O abacate pode causar vômitos, diarreia, e ossos cozidos esfarelam e perfuram o intestino.

Entre as coisas que as pessoas acham que podem dar para os animais, mas não podem, estão, além do leite, o pãozinho, que pode até causar obesidade; carne com tempero como alho e cebola em molhos são riscos ocultos; queijos gordurosos e petiscos 'naturais', como sementes de frutas (manga, pêssego), porque têm cianeto.

Gabriella comenta que já atendeu casos de intoxicação alimentar devido ao consumo de chocolates, xilitol e uvas. Um dos casos acabou com a morte de um cachorro.

“Alguns são comuns na nossa rotina, como um cachorro que comeu um ovo de Páscoa e teve taquicardia, muito vômito e diarreia, e acabou evoluindo para convulsão. Um outro cachorro que roubou um pacote de chiclete e precisou de soro urgente para ajudar na metabolização hepática. E, quanto às uvas, um caso de insuficiência renal após o tutor dar ‘só umas 5 uvinhas’, que evoluiu para óbito.'

Tá liberado! Alguns alimentos confundem os tutores, que ficam sem saber se podem ou não oferecer para os cães e gatos. Na dúvida, sempre recorra a um veterinário amigo ou à internet, em sites confiáveis.

Algumas frutas seguras são: maçã (sem semente), mirtilo, manga (sem a pele e o caroço), banana e morango. O mamão e a melancia são seguros, mas é preciso sempre retirar cascas e sementes antes de oferecer para o pet.

A veterinária explica que, se o tutor suspeita que o animal ingeriu algo tóxico ou que possa causar danos graves, é recomendável procurar um veterinário imediatamente.

“Nunca tente induzir o vômito em casa. A indução do vômito pode ser perigosa se feita incorretamente. Não ofereça leite ou outros remédios caseiros. Essas soluções podem piorar a situação. Se o pet comeu algo errado, é importante levar em conta a gravidade da situação.'

Porém, se o tutor não tem certeza do que o animal ingeriu ou se os sintomas são leves, é importante observar o comportamento do animal e procurar sinais de alerta, como vômitos, diarreia, letargia ou dificuldade para respirar. “Se os sintomas piorarem ou se você tiver alguma dúvida, é sempre optar pelo excesso e levar o pet para consultar um veterinário.'

No fim das contas, o recado é direto: o que para nós é mimo, para eles pode ser veneno.

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