Não eram poucas as previsões pessimistas sobre o destino do Mirassol em sua primeira vez na Série A do Brasileirão: "vai bater e voltar"; "serão três vagas para o rebaixamento, porque uma já é do Mirassol". E não foram apenas torcedores adversários que projetaram o fracasso do clube da pequena cidade de 65 mil habitantes.

O crítico mais feroz foi Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol, em uma entrevista polêmica em dezembro de 2024.

11 rodadas se aram, e o Mirassol chegou aos 17 pontos após uma vitória sobre o Sport. O triunfo que confirma o grande momento da equipe do interior paulista foi justamente sobre o principal time da federação de Evandro Carvalho, que está na lanterna isolada com três pontos conquistados e nenhuma vitória.

Este foi o último jogo do Leão paulista antes da pausa para a Copa do Mundo de Clubes. A equipe só voltará a campo daqui a 40 dias.

O desafio para o Mirassol será ainda mais duro, com mais uma janela de transferências aberta e praticamente um novo campeonato. Na conta para o primeiro objetivo, a permanência na divisão, faltam 28 pontos para atingir os 45, margem considerada segura para evitar o rebaixamento.

O ge mostra, a partir de agora, quais os principais pontos que estão fazendo o Mirassol calar críticos e silenciar o pessimismo sobre o futuro do caçula do Brasileirão 2025.

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Ataque potente e Kingnaldo

Não é apenas a pontuação que credencia o time amarelo e verde. O Leão não é aquele tradicional azarão, que apenas se defende e explora os contra-ataques, com medo do gigante do outro lado. O Mirassol tem o segundo melhor ataque do Brasileirão com 17 gols marcados.

Só não balançou as redes na derrota por 1 a 0 contra o Bragantino, a única vez que perdeu nas dez últimas rodadas. O outro revés foi um 2 a 1 para o Cruzeiro, na estreia do campeonato, quando o Leão desperdiçou pênalti e teve boa atuação no Mineirão.

Além de empates em casa contra Atlético-MG e Fortaleza, e fora de casa contra Bahia, Juventude e Internacional, o Mirassol já fez quatro vítimas na elite: goleou o Grêmio por 4 a 1, bateu o Corinthians de virada, derrotou o São Paulo em pleno Morumbis por 2 a 0 e, no domingo ado, venceu o Sport em casa.

A única vez que o Leão teve comportamento ivo foi no empate diante do Inter no Beira Rio, quando só conseguiu manter a igualdade graças a uma grande atuação do goleiro Walter.

Curiosamente, apesar do ataque potente, o Mirassol não tem nenhum super atacante.

O artilheiro da equipe é o lateral-esquerdo que anotou seis gols nos últimos oito jogos, sendo quatro de pênalti, um de falta e outro com a bola rolando. Jogador mais renomado do plantel, o ex-jogador de São Paulo e Grêmio tem assumido a responsabilidade como líder técnico do time.

10 dos 17 gols do Leão foram marcados por zagueiros ou laterais. O único atacante com mais de um gol é Edson Carioca, que balançou as redes duas vezes.

O novo paredão

Ex-goleiro de Corinthians e Cuiabá, Walter estreou pelo Mirassol há menos de um mês, mas já tomou conta da posição. O camisa 1 empilhou milagres e grandes atuações para garantir pontos para o Leão.

Em cinco partidas pelo clube, o arqueiro de 37 anos sofreu apenas três gols e fez 23 defesas. A principal delas foi em um pênalti de Memphis Depay, do Corinthians, que tentou uma cavadinha.

Walter desbancou um dos maiores ídolos da história do Mirassol, Alex Muralha, que soma 145 partidas pelo clube e está a nove jogos de se tornar o jogador que mais vezes vestiu a camisa amarela e verde.

Troca certeira de técnico

Logo depois de subir para a primeira divisão do Brasileirão, o Mirassol perdeu seu técnico Mozart, que deixou o clube para acertar com o Coritiba. O Leão contratou Eduardo Barroca, que começou o Paulistão com tudo. Na metade final da competição, o time derreteu e a diretoria teve que dispensar o treinador. Foi apenas o segundo comandante a ser demitido pelo clube em quase 15 anos.

A decisão se mostrou totalmente acertada. O Mirassol contratou um técnico jovem, promissor e de trabalhos longos em clubes de média expressão: Rafael Guanaes tem a cara do Leão e trouxe a coragem do seu estilo para a elite nacional.

O começo foi de boas atuações, mas inúmeros problemas defensivos do time que chegou a ser a segunda pior defesa da competição. O técnico fez ajustes e, depois de 16 partidas seguidas sofrendo gols, a equipe não foi vazada nos dois últimos jogos, nas vitórias sobre São Paulo (2 a 0) e Sport (1 a 0).

Guanaes e Mirassol estão em lua de mel em um casamento que promete ser duradouro.

Case de sucesso na gestão

Não é de hoje que o Mirassol é um case de sucesso na istração de um time de futebol no Brasil. Muito além do dinheiro da venda de Luiz Araújo e do CT ultramoderno, o Leão reinvestiu em si próprio e foi subindo de patamar ano após ano.

Sem divisão em 2019, conquistou os consecutivos e chegou à primeira divisão para ser o time da menor cidade dos últimos 40 anos do Brasileirão.

O principal responsável pela gestão do clube há tantos anos é o vice-presidente Juninho Antunes, que é quem comanda o futebol e responde por todas as contratações. Após o o à Série A, ele ganhou outro parceiro no dia a dia: Paulinho, ídolo do Corinthians e volante de duas Copas do Mundo.

O novo dirigente chegou para ser o coordenador técnico do Mirassol e contribui muito com seu conhecimento de futebol e, principalmente seus contatos no meio. O bom trabalho de Paulinho chamou a atenção de dois rivais de divisão que fizeram proposta para tirá-lo do clube: Santos e Sport.

O executivo, entretanto, preferiu continuar no projeto vitorioso que promete ainda mais momentos gigantes. Chegar ao topo foi muito difícil, mas se manter em cima será outro desafio que o clube da cidade pacata aceitou encarar.